quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Natal em meu Castelo de Lego


Natal sempre me foi uma data estranha. O que acaba de passar, no entanto, foi um pouco diferente.

Estive os últimos dias, depois dos meses turbulentos desse segundo semestre, em tempo integral com minha família. Sem ter deixado de conviver com meus familiares, tive a nítida sensação de estar voltando de uma longa viagem, de desconhecer os detalhes do cotidiano de minha irmã, os problemas da empresa tão constantes nas conversas de meus pais.

Vivi esse ano muito intensamente os desafios da faculdade, os problemas dos amigos. Vivi em um outro mundo, convivi com outras pessoas. Viajei bastante, acompanhado por Deus encarei o desconhecido, aprendi muito. Assumi responsabilidades, alcancei objetivos almejados. Tomei decisões que feriram a alguns, de mim afastaram outros. Também fui ferido e apenas a poucos me mostrei nas horas mais tristes. O fiz na tentativa de não sufocar em meio a angustia, uma porção de medo e outra de decepção misturados a completa confusão.

Foram dias difíceis os que passaram, mas em que pude ser feliz. Aprendi lições que trarei na memória por toda vida. Quem sabe um dia as ensinarei a meus filhos...

De tudo que foi tristeza o que me resta agora é uma esperança florescente no por vir. Estar junto a Deus nas guerras travadas não evitou que fosse ferido dolorosamente durante os embates, mas possibilitou a cura sem deixar marcas, sem formar cicatriz.

Hoje, junto de minha família, acho que entendo um pouco melhor o que é Natal. Não ganhei presentes, nem os dei também. Esse é um hábito que nunca mantivemos. Porém, recebi algo de valor que não pude calcular, algo subjetivo que só agora, depois de caminhar sozinho pela praia deserta na manhã desse domingo, percebo.

Simplesmente compreendi que tenho uma vida perfeita. Tenho uma família unida, posso sentir Deus junto a mim, trago no peito uma esperança incansável, vejo um futuro cheio de oportunidades, adoro a profissão que estou seguindo, já provei do amor e estou pronto para amar novamente. Em suma, percebi que cada parte da minha vida está em seu lugar. É como se o castelo de Lego que, quando criança, tentava e nunca conseguia arquitetar, finalmente estivesse terminado, com cada peça devidamente encaixada.

Natal não deixará de ser uma data estranha em que um senhor de barba branca e barriga grande vestido de vermelho promete presentar os bons meninos no último mês do ano. Sinto, contudo, que os dezembros terão outro significado, outro valor. Será para mim, a partir de agora, o momento de observar e perceber que o castelo que construí é exatamente como desejava, e que permanece habitado por aqueles que verdadeiramente me fazem feliz.

Talvez, Natal seja apenas isso...