quinta-feira, 19 de julho de 2012

"Too much silence can be misleading..."


Lugar perfeito para se pensar... Tinha que registrar!

"When your mind is a mess,

So is mine,
I can't sleep,
'Cause it hurts when I think.
My thoughts aren't at peace..."


Tenho que confessar - nunca soube como agir diante de situações que me deixavam fragilizado, vulnerável, sem saber sequer para onde direcionar o olhar. Com o tempo, decidi que me portaria de modo resoluto todas as vezes que me sentisse assim. Não que acreditasse que tal atitude afugentaria a insegurança, era apenas a única opção de que dispunha.
Deu certo, pelo menos eu achava que estava dando. Ao menor sinal de insegurança, vestia-se a capa de homem seguro, de metas definidas, ideias bem trabalhadas e entrava em cena. A tudo, acrescentava um acessório final, imprescindível e sempre infalível, valendo-me da velha ideia “meu silêncio será a resposta”.
Descobri, contudo, que a vida não se trata de uma receita de bolo, um punhado de algoritmos ou linhas retas moldadas em uma régua. Ao contrário, de curvas desconhecidas são os dias, alguma delas tão aguda que é mesmo impossível não se acidentar... Entendi, assim, que na vida, o que cabe aqui, não se encaixa ali; a performance perfeita que faz vencer um grande debate, de nada serve quando os sentimentos menosprezam a razão.
Demorei a chegar a essa conclusão, mas pior que a demora é perceber o que deixei passar durante o tempo em que simplesmente me calava, não discutia. Dizia até não ter o que discutir. O óbvio me cegava! Acho mesmo que fui incapaz de lutar pelo que queria, por quem queria.
Claro que em tudo isso há uma bela parcela de orgulho, algumas pitadas de medo (de não convencer, de ser rejeitado, de saber-me limitado). Acho até que sabia que não agia certo, que aquilo de silenciar quando mais precisava falar me machucava. Contudo, acreditava cegamente que de outra forma seria pior. Mostrava-me alheio ao que sentia para não ter que daquilo falar. Se é que “a boca fala daquilo que o coração está cheio”, calar era não admitir, não me entregar, não me mostrar.
O resultado desse erro de análise nem posso calcular. Sei apenas do que ficou cá preso no peito esperando por ser proferido. Tento livrar-me aos poucos desse peso na escrita, não sei se cura, mas alivia.

"And know that if I knew
knew all the answers I would
not hold them from you'd
know all of the things that i'd know
we told each other, there is no other way"



Não deixei de ser um amante da linguagem não verbal. Ainda me fascina o imponderável - as canções que vem do olhar, o simples toque convertido em tatuagem, o perfume embriagante que parece querer me levar para outra dimensão... Talvez, tudo isso ainda seja fundamental para mim. Porém, agora, sei que não basta, não é suficiente, nunca poderia ter sido o tudo. Fui pretencioso ao achar que poderia prescindir das palavras. Não posso, admito.
E agora?! E tudo o que passou (ou que deixei passar)?! Volto atrás, digo tudo o que calei ao longo dos anos??! “Ah, meu caro, como bem disseste, passou, não tens como recuperar”. Poderia até tentar, mas já não há quem possa escutar. Escrevo, então, o que ficou por ser dito, um tributo às palavras sufocadas.

“Quizás lo que
Se quedó por ser dicho
Pueda ser escrito

Ojalá lo que
A ti,
No pude yo
Confesar,
Sea, algún día, al menos
Leído.

Quizás, Quizas, Quizas…”

Santa City, 09 de julho, 2012

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