Lugar perfeito para se pensar... Tinha que registrar! |
"When your mind is a mess,
So is mine,
I can't sleep,
'Cause it hurts when I think.
My thoughts aren't at peace..."
Tenho que confessar - nunca soube como agir diante de
situações que me deixavam fragilizado, vulnerável, sem saber sequer para onde
direcionar o olhar. Com o tempo, decidi que me portaria de modo resoluto todas
as vezes que me sentisse assim. Não que acreditasse que tal atitude afugentaria
a insegurança, era apenas a única opção de que dispunha.
Deu certo, pelo menos eu achava que estava dando. Ao menor
sinal de insegurança, vestia-se a capa de homem seguro, de metas definidas,
ideias bem trabalhadas e entrava em cena. A tudo, acrescentava um acessório final,
imprescindível e sempre infalível, valendo-me da velha ideia “meu silêncio será
a resposta”.
Descobri, contudo, que a vida não se trata de uma receita de
bolo, um punhado de algoritmos ou linhas retas moldadas em uma régua. Ao
contrário, de curvas desconhecidas são os dias, alguma delas tão aguda que é
mesmo impossível não se acidentar... Entendi, assim, que na vida, o que cabe
aqui, não se encaixa ali; a performance
perfeita que faz vencer um grande debate, de nada serve quando os sentimentos
menosprezam a razão.
Demorei a chegar a essa conclusão, mas pior que a demora é
perceber o que deixei passar durante o tempo em que simplesmente me calava, não
discutia. Dizia até não ter o que discutir. O óbvio me cegava! Acho mesmo que
fui incapaz de lutar pelo que queria, por quem queria.
Claro que em tudo isso há uma bela parcela de orgulho,
algumas pitadas de medo (de não convencer, de ser rejeitado, de saber-me
limitado). Acho até que sabia que não agia certo, que aquilo de silenciar
quando mais precisava falar me machucava. Contudo, acreditava cegamente que de
outra forma seria pior. Mostrava-me alheio ao que sentia para não ter que
daquilo falar. Se é que “a boca fala daquilo que o coração está cheio”, calar
era não admitir, não me entregar, não me mostrar.
O resultado desse erro de análise nem posso calcular. Sei
apenas do que ficou cá preso no peito esperando por ser proferido. Tento
livrar-me aos poucos desse peso na escrita, não sei se cura, mas alivia.
"And know that if I knew
knew all the answers I wouldnot hold them from you'd
know all of the things that i'd know
we told each other, there is no other way"
Não deixei de ser um amante da linguagem não verbal. Ainda me
fascina o imponderável - as canções que vem do olhar, o simples toque
convertido em tatuagem, o perfume embriagante que parece querer me levar para
outra dimensão... Talvez, tudo isso ainda seja fundamental para mim. Porém,
agora, sei que não basta, não é suficiente, nunca poderia ter sido o tudo. Fui
pretencioso ao achar que poderia prescindir das palavras. Não posso, admito.
E agora?! E tudo o que passou (ou que deixei passar)?! Volto
atrás, digo tudo o que calei ao longo dos anos??! “Ah, meu caro, como bem
disseste, passou, não tens como recuperar”. Poderia até tentar, mas já não há
quem possa escutar. Escrevo, então, o que ficou por ser dito, um tributo às palavras
sufocadas.
“Quizás lo
que
Se quedó
por ser dicho
Pueda ser
escrito
Ojalá lo
que
A ti,
No pude yo
Confesar,
Sea, algún
día, al menos
Leído.
Quizás,
Quizas, Quizas…”
Santa City, 09 de
julho, 2012
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